quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Da clausura do fora ao fora da clausura



Nunca uma clausura voluntária foi tão saborosa. Dias e noites a fio, desejo o calor das paredes que me aprisionam e que me sustentam em uma rede em que me balanço tão alto e tão suavemente.
Vôo dentro de meu cárcere. E durmo quando quero.
Não há cadeados fechados e ainda assim uma chave repousa bem à minha frente.
Uma música toca, quando eu quero, e quando não quero ouço o barulho do vento batendo nas árvores e carregando folhas que caem secas no chão.
Se isso é tédio, me parece bem interessante por esses dias...
Esperar por um vento que sopre e me faça sorrir... a rede balançando pra lá e pra cá...
No momento nenhuma música toca, só o vento e o sorriso em mim...
(Sinto vontade de cheiros)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

The Wall

EMPTY SPACES

What shall we use to fill the empty?
Spaces where we used to talk
How shall I fill the final places?
How shall I complete the wall?

(Roger Waters)

P.s. O fim de semana terminou em grande estilo...
;)

M.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Horizontes

infinito
Quantos horizontes cabem em mim...


Quantos horizontes cabem em mim?



Quantos horizontes cabem em mim!



Quantos horizontes cabem em mim.



horizonte

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Princesal

Começo a escrever mesmo sem saber se preciso de um destinatário.
De qualquer modo, sei que escrevo porque escrever, para mim, sempre foi uma maneira de esvaziar, e hoje acordei cheia...
De lembranças, de cheiros, de músicas que tocavam tão fortemente em mim e que hoje são pequenas melodias que tocam longe...
As paredes da escola pareciam tão grandes, tão cinza e bege e cor de telha. Mas de um cinza e bege tão vivos!
Todos os rostos que nos cercavam diariamente me visitaram durante essa noite. Um desfile de rostos que me abraçavam.
De repente eu era a princesa vestida de colegial.
E lembro como todas as pequenas coisas eram tão grandes e eu me sentia tão pequena e insegura.
Agora, parece que enxergo do alto, de longe, e as cores parecem perder a nitidez.
Mas ainda lembro com a mesma violência de como era sentir por dentro o sentir de uma princesa, que não nasceu princesa, mas que foi coroada...
O sorriso nos rostos e as mãos geladas. Uma ciranda. Todas as cores e sons e melodias girando junto comigo. Mão na mão.
De repente, parece que eu fugia, mas na verdade não era uma fuga, eu brincava que fugia, para brincar de ser pega. E era, de verdade.
Tinha um dragão no meu castelo de princesa, que era a diretora da escola.
Tinha escadas e também uma masmorra.
E uma árvore frondosa na qual eu me escondia quando queria ser encontrada, sempre no final da tarde.
Dessa árvore caíam sementes. Eram grandes. E um dia eu ganhei uma. E guardei. Não plantei em lugar nenhum. Porque era minha. E já tinha sido plantada. E já tinha brotado.
A semente era eu.

“Qual foi a semente que você plantou? Tudo acontece ao mesmo tempo nem eu mesmo sei direito o que está acontecendo e daí de hoje em diante todo dia vai ser o dia mais importante” (Renato Russo)

princesal