quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ela era o caos


A ferida ainda estava aberta... Muitos anos já haviam se passado mas ela ainda estava lá.
Cuidadosamente coberta com um curativo.
Mas ele chegou... Cantando... E quando ela se deu conta a ferida já estava exposta. Mas ele disse: "não tenha medo". Ela sentiu medo mas mesmo assim seguiu. De ferida exposta. Disposta. Com a alma completamente nua. Quando ele veio com a música em sua voz ela recuperou toda a alegria de existir (que havia esquecido). Uma madrugada de poesia. Uma partida anunciada... A ferida agora exposta já incomoda... E sem curativo nenhum ao se debater conta o destino veio a dor. Mais medo. Incerteza. Mas a música ainda tocava. E agora não era só uma. Eram todas. E essa vontade de alegria. Nostalgia. Ela voltou. Ferida ainda aberta. Momentos de desejos contidos e de grandes esperanças.
Um amor atemporal. Assim ela preferiu enteder. Não deve existir nenhum tempo na geografia desse mundo que caiba o amor desses dois jovens descompassados.
Ela era caos. E sabia que só quando pudesse gritar as palavras que se escreviam dentro dela poderia refazer o curativo.
Ele escreveu o que gritava dentro dela.
E está pronta para refazer o curativo.
M.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Queda livre para o amor


Hoje eu tomo pílulas. Para me sentir melhor. Para dormir melhor.
Começou com uma dor de cabeça que não passava nunca.
E um nó dentro de mim que parecia não ter fim...
Fui em busca do que me faltava...
A dor de cabeça continuava...
O medo tomava conta de mim.
Não sei dizer... medo de quê?
Apenas o medo. A sensação de estar caindo de um prédio muito alto em direção ao concreto.
O corpo chega a sentir o impacto.
Me tremia toda... Sumia o calor do meu corpo. Eu era só um corpo trêmulo e gelado.
Então comecei a tomar as pílulas...
A dor de cabeça sumiu por um tempo... De vez em quando aparece... Insiste uns dias... Vai embora. Eu fico. Resisto.
Não foi fácil.
Não é.
Nenhuma pílula é mágica.
Todas as drogas têm seus efeitos colaterais... Espero que meu corpo aguente ainda um bocado. Pretendo existir muito por aí...
Acredito que o amor vai me ajudar a resistir...
Mas é o amor.
Não um amor.
Ame.
Esse é o segredo.
Com amor...
M.