domingo, 30 de novembro de 2008

Eu, mosaico, caio...

queda

Caio Fernando Abreu... ele meio que me reflete por dentro... Antes me despedaça... É como se eu engolisse um espelho quebrado, e me olhasse por dentro. Um mosaico... um mosaico de mim... juntando os pedaços sou eu, eu que estou, e nunca sou...

Sempre que leio algo do Caio eu caio... Uma queda livre... frio na barriga... coração palpitante... caindo...

Um sentimento gostoso de insegurança, de não-lugar, de qualquer-coisa-pode-acontecer-aqui-agora!

A primeira vez que encontrei Caio eu estava no chão, havia caído de uma altura bem altaaaaa...

Comecei a ler, e alcei vôo..

Alento

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.


E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.


Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.


Caio Fernando Abreu

M.