terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Perdida no espelho

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Você já imaginou como deve ser a sensação de se olhar no espelho e não se ver refletido?
Cara, uma experiência muito louca.
Experimentei ontem à noite.
Cheguei em casa. Tarde. (Pra mim, que sempre chego cedo).
Fui lavar o rosto e escovar os dentes, antes de deitar.
Quando parei de frente ao espelho do banheiro, vi minha imagem refletida, cansada...
Baixei a cabeça na pia para molhar o rosto e quando tornei a subir, me procurei no espelho, e eu não estava lá.
De repente, assim. Parecia que flutuava, ou caía, não sei... Foi rápido, muito rápido. Tipo, ums três segundos.
Foi quando eu percebi que a janelinha na qual fica o espelho havia se aberto.
Eu fechei, busquei o espelho, e me encontrei de novo.
Que alívio! Eu ainda estava ali...
Fui dormir.
Com a sensação da queda (ou de flutuar...)

M.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Do-min-go

Domingo a gente não vive, suporta!
Esse cheiro e cor e tamanho e ritmo e coisas suspensas do domingo...
Dor de cabeça, insônia, TPM, calor, fome, preguiça.
Primeiro, prefiro a preguiça, mas a fome sempre vence!
Viro pro lado, a cabeça pesada, as palavras que eu não disse gritando dentro de mim, fundo musical, você cantando, eu cantando junto.
"Eu. Entrei com armas em teu território
plantei antenas no teu coração
andei pesado
na tua sala
tal como árvore
ou como torre.
E abrindo a boca ela devorou
e abrindo os braços fez a dor passar
primeiros pássaros
primeira roda
e o pensamento de querer voar..."
Não poderia ser outra música? Não. hoje é essa, para aliviar esse domingo. E daqui a algumas horas é segunda. A mesma música tocando, ou outra? Não sei. A segunda vem como um banho. Desfaz tudo. Refaz.
Um chá agora. Com biscoitos. Depois, a cama de novo, o barulho do ventilador, o calor, o cachorro latindo, mas tem você, ainda, cantando dentro de mim...

(escrito ontem, em meu bloco de anotações, por volta das 23h)

M.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O impossível... Viva o impossível!

 

 

[caption id="attachment_17" align="aligncenter" width="450" caption="Viva o impossível"]Viva o impossivel[/caption]

Escrevo por uma necessidade . De esvaziar...

Para assim poder preencher-me de novas palavras-instintos. Escrevo para esvaziar. Ficar leve...

Uma pergunta: Por que só alguns tem o privilégio da loucura?

"Abraça a tua loucura antes que seja tarde demais" (Caio)

E quando já é tarde? Escurece? Aí é por isso que a gente procura racionalizar tudo? Para clarear o tempo que já passou? Quando toda a sua vida depende de meio minuto e você percebe que já é tarde demais...

Há uma maneira de olhar o agora como se fosse o depois e antes mesmo que agora aconteça eu refaça, aí o depois já não é o tarde. É o momento exato.
Acho que hoje descobri uma coisa nova:
A paixão anda lado a lado com o desconhecido. É a vontade de entrar no escuro que a gente chama de paixão.
Quando, ao usar todos os outros sentidos - paladar, tato, olfato..- a luz acende! Aí é hora de começar outra vez!
Antes, degustar um pouco das cores que se movem... É o auge! Cada novo movimento! Cada nova cor...
E então? A gente fica de olhos fechados para sempre? Não. A gente reinventa as cores, as formas e o movimento.
Tá, nem sempre a gente consegue
"E então com as mão vazias, finalmente começo a navegar" (Caio)
Sinta o cheiro das cores, dance o movimento da luz, deguste a pele que cobre a pele de dentro...
Busque o impossível...
(Obrigada José Paes de Lira, aprendi o que eu já sentia:

Viva o impossível!)

M.

domingo, 30 de novembro de 2008

Eu, mosaico, caio...

queda

Caio Fernando Abreu... ele meio que me reflete por dentro... Antes me despedaça... É como se eu engolisse um espelho quebrado, e me olhasse por dentro. Um mosaico... um mosaico de mim... juntando os pedaços sou eu, eu que estou, e nunca sou...

Sempre que leio algo do Caio eu caio... Uma queda livre... frio na barriga... coração palpitante... caindo...

Um sentimento gostoso de insegurança, de não-lugar, de qualquer-coisa-pode-acontecer-aqui-agora!

A primeira vez que encontrei Caio eu estava no chão, havia caído de uma altura bem altaaaaa...

Comecei a ler, e alcei vôo..

Alento

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.


E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.


Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.


Caio Fernando Abreu

M.