segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Como se eterniza um amor?



Assim!

Vai, Florbela...

"Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

(Livro de Soror Saudade, 1923)

Pra você, meu amor...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O eterno retorno


Isso de ter um blog é mesmo uma onda... A pessoa meio que fica naquela responsabilidade de publicar para atualizar a página e tal. Quando eu fiz esse blog aqui era uma mistura de vontade de escrever com vontade de ser lida. Mas tem vezes que a gente cansa né? De querer. E não suporta mais o querer aí vive não mais a vontade mas a realização da vontade.
Fazia tempo que eu não pegava um livro pra ler assim por acaso. Pois essas são sempre as minhas melhores leituras. Sem recomendações nenhuma. Aí encontrei na estante da casa de minha mãe um livro de uma escritora que nada sei sobre ela, além do nome, Ruth Bueno.

(Vou até aproveitar aqui e ver no Google quem é ela)

(Realmente acho que ela não é muito conhecida, pois coloquei no google e o primeiro nome que apareceu foi de uma Dr. Psicóloga)

(Mas agora descobri que esse nem era seu nome, era o pseudônimo! Olha: http://www.allaboutarts.com.br/default.aspx?PageCode=12&PageGrid=Bio&item=0205l1)


Então, estava lá, na estante, em meio a tantos outros livros, de diferentes cores, formatos, tamanhos, sonhos e dores, estava lá "O livro de Auta" de Ruth Bueno. Uma edição de 1984. Comecei a ler assim por acaso e senti a vontade de escrever de novo.
A primeira vez que li Ruth foi um livo chamado "O diário das máscaras". Isso no ano de 1996. E nesse livro tinha um trecho que se intitulava "catarse" (Lembra Fabiana? Tantas vezes lemos juntas esse texto...). Foi a primeira vez que eu vi essa palavra na minha vida: Catarse.
Eu não tinha ideia do que significava isso. Mas achava simplesmente a poesia tão linda. Porque ela me comunicava algo incomunicável: o catarse. Ao ler "catarse" eu não sabia o que era catarse, mas vivi uma catarse.

Queria deixar aqui um poco do livro de Auta que está comigo aqui...

 " Saiu de manhã, com o sol nascendo, para ver a aurora no mar. Pouca gente ainda na rua, apenas os carros passando, os ônibus cheios, cinco horas, conferiu o relógio. Sentou-se em um banco, voltada para o mar.
   Ouvindo o ruído das rodas no asfalto, e o marulho das ondas em cadência, Auta, olhar fixo no horizonte, possuída pelas cores vivas que o iluminavam, fazia a si mesma perguntas sem fim."

Ruth Bueno, O livro de Auta.

Ruth Bueno foi o nome literário adotado por Ruth Maria Barbosa Goulart que nasceu em Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, dia 19 de janeiro de 1925. Ruth graduou-se em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro tendo sido professora de ensino superior. Ruth dedicou-se também à literatura onde escreveu ficção, foi ensaísta e muito engajada na causa feminista tendo dedicado grande parte de sua vida aos questionamentos, utilizando a jurisprudência, sobre as leis preconceituosas relacionadas à mulher. Sobre esse assunto publicou inúmeros livros e participou de congressos sobre direitos humanos no Brasil e exterior. é autora da publicação Regime jurídico da mulher casada, 1970.
Quando se iniciou na literatura, ainda jovem, Ruth começou pela ficção e escreveu diários, cartas e contos. Sua estréia em livro foi em 1966, com a obra Diário das máscaras. Depois, escreveu Cartas para um monge onde fala da ausência do amor. Mais tarde, publicou A corredeira, sobre uma jovem internada em uma clínica psiquiátrica. Suas obras sempre versaram sobre o ser humano, sem amor e sempre em busca do auto-conhecimento.
Obras da autora: Contos e poesia: Diário das máscaras, 1966; Bip bip bip, 1982; Livro de Auta, 1984; O guichê, 1980; Cartas para um monge, 1967. (retirado do site linckado acima)