domingo, 30 de dezembro de 2018

Convença-se



Então... ela tinha essa carência que resultava nesse estado de tamanha insegurança.
Não sabia o que sentir.
Não sabia o que pensar.
Não sabia o que fazer.
Mas sentiu. Pensou e fez.
Os sinais chegaram para lhe colocar em seu lugar.
E qual era seu lugar?
O da menina assustada, com medo de ficar só .
Rodeada por pessoas, sentiu o vazio e a solidão dos dias que se seguem...
Pensou no passado e entendeu que muito mais sentido faria refletir sobre o futuro.
O que passou serve para algumas risadas, algumas noites de delírio e algumas tardes de arrependimentos...
A pele arrepia e o corpo dói.
O tempo passa. Descompassando encontros com o presente... o que fica é  esse monte de palavras.
Ela segue.

M.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Sobre a morte...

Ela entendeu que não tinha mais medo de morrer. Tinha mais curiosidade. Seria um sono?  Será que se sonha?
De repente ela percebeu que o medo da morte vinha junto com o medo de causar sofrimento nas pessoas que ela ama,  em caso de sua morte.
E começou a pensar que não saberia nunca lidar com a morte dos seus queridos...
E desejou o infinito.
Mas quando desejou,  o vento batendo forte em seu rosto, ela na garupa de uma moto...
Quando desejou o infinito, imediatamente lembrou que estava desejando o impossível.
Então ela pensou na morte de novo.  E no quanto seu corpo não teria voz depois de morto. E então ela desejou apenas que, em caso de sua morte,  sejam doados todos os órgãos possíveis de seu corpo... e o que restar que vire cinza... pó... e nada...
Mas que seja jogado ao mar... na praia onde está a Iemanjá. É  lá que ela quer estar... nas ondas do mar...  nesse vai e vem infinito e possível...
M.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ela era o caos


A ferida ainda estava aberta... Muitos anos já haviam se passado mas ela ainda estava lá.
Cuidadosamente coberta com um curativo.
Mas ele chegou... Cantando... E quando ela se deu conta a ferida já estava exposta. Mas ele disse: "não tenha medo". Ela sentiu medo mas mesmo assim seguiu. De ferida exposta. Disposta. Com a alma completamente nua. Quando ele veio com a música em sua voz ela recuperou toda a alegria de existir (que havia esquecido). Uma madrugada de poesia. Uma partida anunciada... A ferida agora exposta já incomoda... E sem curativo nenhum ao se debater conta o destino veio a dor. Mais medo. Incerteza. Mas a música ainda tocava. E agora não era só uma. Eram todas. E essa vontade de alegria. Nostalgia. Ela voltou. Ferida ainda aberta. Momentos de desejos contidos e de grandes esperanças.
Um amor atemporal. Assim ela preferiu enteder. Não deve existir nenhum tempo na geografia desse mundo que caiba o amor desses dois jovens descompassados.
Ela era caos. E sabia que só quando pudesse gritar as palavras que se escreviam dentro dela poderia refazer o curativo.
Ele escreveu o que gritava dentro dela.
E está pronta para refazer o curativo.
M.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Queda livre para o amor


Hoje eu tomo pílulas. Para me sentir melhor. Para dormir melhor.
Começou com uma dor de cabeça que não passava nunca.
E um nó dentro de mim que parecia não ter fim...
Fui em busca do que me faltava...
A dor de cabeça continuava...
O medo tomava conta de mim.
Não sei dizer... medo de quê?
Apenas o medo. A sensação de estar caindo de um prédio muito alto em direção ao concreto.
O corpo chega a sentir o impacto.
Me tremia toda... Sumia o calor do meu corpo. Eu era só um corpo trêmulo e gelado.
Então comecei a tomar as pílulas...
A dor de cabeça sumiu por um tempo... De vez em quando aparece... Insiste uns dias... Vai embora. Eu fico. Resisto.
Não foi fácil.
Não é.
Nenhuma pílula é mágica.
Todas as drogas têm seus efeitos colaterais... Espero que meu corpo aguente ainda um bocado. Pretendo existir muito por aí...
Acredito que o amor vai me ajudar a resistir...
Mas é o amor.
Não um amor.
Ame.
Esse é o segredo.
Com amor...
M.