segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Céu baunilha quase cinza

vanilla skyComo foi difícil para ela sufocar aquele grito.
Pela janela do ônibus via o céu baunilha se confundir com o preto dos fios cortantes, motivo de tanta alegria para os habitantes daquelas cidades por onde passava, cuja maior alegria é a novela das oito.
Um grito sufocado e um pedaço de carne rasgado. Carne arrancada por ela mesma.
Arrancar uma parte de si não fora o mais difícil, pior mesmo era se conformar com uma única existência – tantos horizontes. O céu ficando cinza e ela buscando ainda uma calmaria que sabia não existir.
Existia um sorriso, mas ela o arrancou de si.
E agora a estrada...
Não sabia para onde estava indo.
Não queria ir a lugar algum. Querias apenas o silêncio. Mas os tambores ainda tocavam.
Sob o céu baunilha quase cinza ela resolveu deixar-se ir.
Outro lugar não poderia ser pior do que aqui.
E foi.

2 comentários:

  1. o final foi taum Caio
    =)

    saudades dos contos dele..

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  2. Gostei de ler, obrigada pela sensação proporcionada,"poeta malabarista" depois te falo da coincidência. beijos

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