domingo, 19 de abril de 2020

Um vírus chamado



Quase dois anos sem escrever nada por aqui.
Os motivos que me levam à escrever são sempre aleatórios.
Quase um instinto que vai tomando forma por meio de palavras.
E por onde começar?
Pela justificativa de estar aqui escrevendo?
Precisa de uma justificativa?
Muitas vezes durante esse tempo que passei sem escrever tive vontade, era tomada pelo instinto, as palavras iam se amontando em mim até se perderem... Eu tentava organizá-las em minha mente, quando eu tivesse tempo e iria escrever...
Mas as palavras têm pressa, não esperam muito.
E então perdi muitas palavras que eram, na verdade, transbordamentos de mim mesma...
A justificativa é essa então: agora eu tenho tempo até para inventar palavras e instintos... Agora tudo que eu tenho é tempo.
Agora o tempo.
De se voltar pra si. Tempo de parar as engrenagens. Ouvir o som da morte e o desespero da vida.
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Então, eu que estava deitada em minha cama, ouvindo  "clássicos do rock", lendo Caio Fernando Abreu, depois de passar um dia em meu quarto, e resolvi sentar e escrever sobre o que está acontecendo.
Hoje é domingo, mas todos os dias têm sido iguais, pra mim.
Estamos numa pandemia causada por um vírus e tudo que podemos fazer é ficar em casa, evitando assim o contato com outras pessoas.
Me parece assim até um pouco irônico, que depois de nos isolarmos uns dos outros por vontade própria,  de uma "privacidade" ou por puro egoismo de dividir nossos momentos com outras pessoas. Passamos a escolher um grupo que é digno de nosso convívio e excluímos todos os outros. E agora somos reféns de nosso estilo de vida, que está ameaçado até por aquele que nem fazia parte de seu círculo privilégiado.
Conseguimos, finalmente, ser o bicho mais perigoso do mundo: humanos.
Mantenha distância.
Fique em casa.

M.

domingo, 30 de dezembro de 2018

Convença-se



Então... ela tinha essa carência que resultava nesse estado de tamanha insegurança.
Não sabia o que sentir.
Não sabia o que pensar.
Não sabia o que fazer.
Mas sentiu. Pensou e fez.
Os sinais chegaram para lhe colocar em seu lugar.
E qual era seu lugar?
O da menina assustada, com medo de ficar só .
Rodeada por pessoas, sentiu o vazio e a solidão dos dias que se seguem...
Pensou no passado e entendeu que muito mais sentido faria refletir sobre o futuro.
O que passou serve para algumas risadas, algumas noites de delírio e algumas tardes de arrependimentos...
A pele arrepia e o corpo dói.
O tempo passa. Descompassando encontros com o presente... o que fica é  esse monte de palavras.
Ela segue.

M.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Sobre a morte...

Ela entendeu que não tinha mais medo de morrer. Tinha mais curiosidade. Seria um sono?  Será que se sonha?
De repente ela percebeu que o medo da morte vinha junto com o medo de causar sofrimento nas pessoas que ela ama,  em caso de sua morte.
E começou a pensar que não saberia nunca lidar com a morte dos seus queridos...
E desejou o infinito.
Mas quando desejou,  o vento batendo forte em seu rosto, ela na garupa de uma moto...
Quando desejou o infinito, imediatamente lembrou que estava desejando o impossível.
Então ela pensou na morte de novo.  E no quanto seu corpo não teria voz depois de morto. E então ela desejou apenas que, em caso de sua morte,  sejam doados todos os órgãos possíveis de seu corpo... e o que restar que vire cinza... pó... e nada...
Mas que seja jogado ao mar... na praia onde está a Iemanjá. É  lá que ela quer estar... nas ondas do mar...  nesse vai e vem infinito e possível...
M.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ela era o caos


A ferida ainda estava aberta... Muitos anos já haviam se passado mas ela ainda estava lá.
Cuidadosamente coberta com um curativo.
Mas ele chegou... Cantando... E quando ela se deu conta a ferida já estava exposta. Mas ele disse: "não tenha medo". Ela sentiu medo mas mesmo assim seguiu. De ferida exposta. Disposta. Com a alma completamente nua. Quando ele veio com a música em sua voz ela recuperou toda a alegria de existir (que havia esquecido). Uma madrugada de poesia. Uma partida anunciada... A ferida agora exposta já incomoda... E sem curativo nenhum ao se debater conta o destino veio a dor. Mais medo. Incerteza. Mas a música ainda tocava. E agora não era só uma. Eram todas. E essa vontade de alegria. Nostalgia. Ela voltou. Ferida ainda aberta. Momentos de desejos contidos e de grandes esperanças.
Um amor atemporal. Assim ela preferiu enteder. Não deve existir nenhum tempo na geografia desse mundo que caiba o amor desses dois jovens descompassados.
Ela era caos. E sabia que só quando pudesse gritar as palavras que se escreviam dentro dela poderia refazer o curativo.
Ele escreveu o que gritava dentro dela.
E está pronta para refazer o curativo.
M.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Queda livre para o amor


Hoje eu tomo pílulas. Para me sentir melhor. Para dormir melhor.
Começou com uma dor de cabeça que não passava nunca.
E um nó dentro de mim que parecia não ter fim...
Fui em busca do que me faltava...
A dor de cabeça continuava...
O medo tomava conta de mim.
Não sei dizer... medo de quê?
Apenas o medo. A sensação de estar caindo de um prédio muito alto em direção ao concreto.
O corpo chega a sentir o impacto.
Me tremia toda... Sumia o calor do meu corpo. Eu era só um corpo trêmulo e gelado.
Então comecei a tomar as pílulas...
A dor de cabeça sumiu por um tempo... De vez em quando aparece... Insiste uns dias... Vai embora. Eu fico. Resisto.
Não foi fácil.
Não é.
Nenhuma pílula é mágica.
Todas as drogas têm seus efeitos colaterais... Espero que meu corpo aguente ainda um bocado. Pretendo existir muito por aí...
Acredito que o amor vai me ajudar a resistir...
Mas é o amor.
Não um amor.
Ame.
Esse é o segredo.
Com amor...
M.

sábado, 23 de dezembro de 2017

De aço

Eu quis sentir todo o calor deste lugar. 12 horas. Sol  a pino. Caminhei com uma caneta na vazia na mão.
Como eu me sentia.  Vazia.
Então escolhi me encher até o limite.
Do  calor.
Da sede.
Do cançaso.
O mundo rindo de mim como se fosse um palhaço.
Quando na verdade sou uma mulher de aço.


domingo, 27 de agosto de 2017

Quando os sonhos se realizam...

 Dia desses estava conversando com os amigos no carro e perguntei:
- alguém aqui já sentiu a sensação Boa de um sonho que se  realiza?
Não lembro se houve resposta... mas lembro que fiz a pergunta num entardecer onde pude ver o sol desaparecer no horizonte.
Esse era um sonho que agora é a minha realidade. Viver num lugar onde se possa ainda ver os limites da civilização. E ver além... os montes... serras... espaços abertos sei céu...
Hoje pude realizar um outro sonho... conhecer o Lajedo de soledade. E foi muito perfeito.  Cercada por meus alunos e algumas fazendo a minha manhã de domingo especial e inesquecível.
Quero agradecer a professora Josivânia por ter somado comigo esse sonho e assim tornar ele Real...
"SONHO QUE SE SONHA SÓ É SÓ UM SONHO QUE SE SONHA SÓ MAS SONHO QUE SE SONHA JUNTO É REALIDADE"
Raul Seixas