domingo, 23 de agosto de 2015

Sobre o mar e o tempo

Cheguei a uma conclusão. Não que seja algo definitivo, não penso que as coisas tem uma forma final que se congelam, tudo se transforma. Assim eu penso, pelo menos penso agora...
Enfim, cheguei a conclusão que preciso do mar. O mar me povoa, me ocupa por dentro, me trás essa certa lucidez dos loucos.
Agora pouco, estava descendo umas ruas, no alto de uma ladeira, e via o mar. Parece que puxa a pessoa, pelo menos pelo olhar... Quando tirei meus olhos dele, vi a vida cansada de viver  nos passos arrastados de um velho. Ele carregava duas pequenas melancias. Uma em cada mão. Não sei bem o que ele via, mas trazia um terror nos olhos, como quando alguém olha, mas não acredita no que vê. Ele vinha sozinho. Subindo. Carregando as pequenas melancias. Eu descia, de carro, devagar. Olhei para aquele velho... e eu vinha pensando em o que significa crescer...
Que a gente cresce quando aprende a ser sozinho. Que a gente cresce, quando entende que somos sozinhos. Cada um por si, no mundo. Nada de útero. Vida real aqui fora. E leva tanto tempo pra a gente aprender isso... Às vezes aprende mas não entende, as vezes aprende, entende e não aceita.
Cheguei no meu destino. Saí do carro, tirei a sandália e, pé na areia, entrei no universo embriagante do mar. Não estava só. Tem sempre outros sedentos por multidões. Entendi isso.
Entendi isso quando vi o velho. Sozinho com as melancias. É uma questão de tempo. Enquanto ele rege nossos dias façamos uma nova música a cada instante. Sempre que for preciso, ou quando der vontade. E dance. Com o corpoespírito. Viva. E sempre que puder, beba água de coco.
Então chegou um outro sujeito, sedento, com um vazio tão grande, da altura do som do seu carro. 
Como é bom enfim crescer e entender que estar sozinho é o que nos retroalimenta. É um ciclo. É isso. Vou girar...