terça-feira, 15 de abril de 2014

Desesperança


Tem dias, como hoje, que a tristeza parece infinita.
A realidade parece mais real e se torna mais difícil de suportar.
O cansaço toma conta da vida.
E a única vontade que insiste é a de não ser...
Hoje meu dia foi assim.
Acordar, comer o mesmo café com biscoito, dar aula sobre desigualdade, conceituar os tipos de pobreza -  Essa minha se chama desesperança...
Almoçar em cinco minutos, na frente do computador, preparando as aulas que não tive tempo de preparar no fim de semana – pra quem é mãe, mulher e dona de casa fica difícil ser também a professora nos sábados e domingos.
Pegar mais cinco aulas à tarde, depois mais uma hora com um sonho de fazer teatro, voltar pra casa com fome.
No meio disso tento cruelmente olhar em volta... Espelho, espelho meu, existe alguém mais miserável do que eu? Sempre tem... E então sarcasticamente vagueio meu olhar em busca de uma infelicidade maior que a minha, olhando assim, minha vida até parece um conto de fadas com aquele “felizes para sempre”.
Depois de um dia inteiro de trabalho, sem tempo para comer dignamente ou mesmo tomar um banho, voltando pra casa, desejo subitamente comer um sushi, ou tomar um açaí, isso me faria feliz, pensei... Mas não tenho dinheiro pra isso agora. Futilidade. Chegar em casa como qualquer coisa que tiver por lá. E eis que recebo uma mensagem em meu celular:
“Vou fazer sopa. Pra você ficar feliz”. E fiquei. No mesmo instante!
Ah se não fosse o amor!
P.s.: A sopa foi descartada, tinha uma goma na geladeira que virou tapioca...